quarta-feira, 1 de março de 2017

A UTILIDADE DE UM POVO QUE NÃO PENSA

Para que se estupre a dignidade alheia, para que se usurpe o poder e para que as pessoas não percebam que estão sendo manipuladas e exploradas, entregando a sua felicidade a fim de que seus manipuladores e exploradores sejam felizes, é preciso fazer com que o povo seja impedido de pensar por si mesmo. Para isso, mais horas de trabalho pro povo e salários cada vez menores. Subemprego. Desemprego. Violência institucionalizada. Drogas. Pornografia. Alienação. Corrupção epidêmica. Inversão de valores. Caos social. Nas poucas horas vagas que o trabalhador possui, uma boa dose de entretenimento inútil, emburrecedor e violento com novelas, programas de auditório, futebol, redes sociais, cinema, cachaça e carnaval. Já uma educação de qualidade, que viesse a proporcionar igualdade de condições, nem pensar, pois o povo não pode atrapalhar a famigerada "meritocracia", que é pra poucos. Pelo contrário, congela-se investimentos na educação pública. Nos afastaram de uma saúde e alimentação naturais para que fôssemos vítimas de um SUS sub-humano, ou clientes forçados de laboratórios farmacêuticos hediondos e de uma máfia médica não-preventiva, mas doentiva. O povo precisa estar sempre nesse caos. Sempre aflito, no aperto, preocupado, doente, engessado, paralisado, imobilizado e mentalmente letárgico, justamente para não conseguir pensar, a não ser nos problemas. Por isso, as nossas pernas, braços e cérebro são a ciência oficial vendida, o militar opressor, o político cafajeste (com suas esquerdas e direitas fraudulentas, mentirosas e hipócritas), o Estado corrompido e o capitalismo putrefato e decadente. Se a massa não pensa, ou é impedida de pensar, que os piores pensem por ela. Para que mais serve uma massa que não pensa? Ora, para servir também de números em protestos fabricados. Pra vestir verde e amarelo, vermelho, roxo, preto, rosa, azul para que a nefasta alternância pelo poder seja exercida pela força do aparato político-judiciário. Poder esse que será para o deleite de muitos, menos o do próprio povo, que serve de "emburrecido útil". Uma massa impensante serve, ainda, não para viver, mas para sobreviver a duras penas e sustentar os que pensam por ela. Serve para pagar altos impostos e recolher-se à própria insignificância que lhe foi imposta. Um povo que não pensa, não pode sequer formular leis que mudem a sua própria realidade, que mudem o status quo dominante, mas, zumbificadamente, prefere continuar (ou não tem escolha) com as leis desse sistema imundo "elegendo" Bolsonaros, Lulas, Aécios, Marinas, e nada muda de fato, só perpetua-se a dominação, numa ilusão macabra e odiosa de que o voto muda alguma coisa, nesse teatro político de horrores, onde o capital pesado nacional e, principalmente, internacional, bota o planalto picareta e o congresso vendido e sem-vergonha no bolso, o que aprofunda o poço entre as classes sociais. Ah, como é proveitoso pra muita gente ter um povo altamente impensante! Principalmente no Brasil, onde essa massa é enorme. O povo impensante é muito útil para pagar a conta dos indecifráveis e inescrupulosos juros dos capitalistas rentistas, donos dos bancos e dos fundos de pensões. Somos, enquanto povo que não pensa, muito úteis também para pagar a conta das nossas riquezas naturais sendo surrupiadas para enriquecimento dos que têm fome de poder e de dinheiro. Ou úteis para sustentar uma política e um judiciário que são os mais caros do mundo. Além de tudo isso, somos úteis para servirmos de escárnio por sermos povo, trabalhadores, num país de uma subelite e de uma elite medíocres e medievalmente escravocratas, racistas e seletivas, que amam enlouquecidamente ver povo sendo povo, na mais pejorativa expressão que essa gente tem de povo. Essas mesmas subelite e elite que nunca se importaram em ter um projeto desenvolvimentista para todo o Brasil e para todos os brasileiros, a não ser formas de se darem bem a qualquer custo alheio. Num país onde é uma afronta o povo viajar de avião. Ou o povo ingressar numa renomada universidade. Ou possuir uma boa casa própria. Ou morar num bairro com uma boa infraestrutura. Ou possuir um carro semi-novo. Ou ter uma educação básica de qualidade. Até porque, isso faria a economia girar, mas, pra "nata da sociedade" é melhor termos uma economia estagnada, um Brasil emperrado do que ver as pessoas crescerem junto, porque até isso, o mínimo dos mínimos, uma ascensão microscópica, traz ódio pra baixa e pra alta burguesia tacanhas brasileiras. São esses atrasos, essa dominação cafajeste, e esse aniquilamento popular institucionalizados que precisamos romper de uma vez por todas se quisermos um Brasil um mínimo descente e forte. Como diria Cazuza: "Vamos pedir piedade, Senhor, piedade, pra essa gente careta e covarde." E, vamos PENSAR!